Possibilidade de Hospital Regional gera discussões
Movimentação para implantação do hospital divide opiniões: um lado acredita na viabilidade do empreendimento e o outro diz que a idéia é apenas especulação política e imobiliária
Secretaria de Saúde
qua, 24 fev 2010 - 13:11
Movimentação defende que hospital seja construído no atual Hotel Parque Iguaçu, já que o estabelecimento tem dividas com o estado
No sábado, dia 27, será realizada em Medianeira um encontro entre lideranças políticas da região para debater a possibilidade da construção de uma unidade de um hospital regional em Medianeira.
Em entrevista veiculada pela emissora Paraná Educativa, o vice-governador do Estado, Orlando Pessuti disse que a necessidade da construção vem para centralizar o atendimento médico para moradores de cidades entre Foz do Iguaçu e Cascavel. Medianeira estaria em localização estratégica. “A região entre Foz e Cascavel, polarizada por Medianeira, precisa ter uma atenção especial da nossa parte no que diz respeito a centralização do atendimento na área de saúde”, disse.
Desde que se iniciaram os boatos sobre a possível construção do hospital, dividiram-se as opiniões de moradores de Medianeira e região.
De um lado cidadãos que consideram importante a construção de um novo hospital no município, já que essa estrutura, que deverá atender munícipes de toda a região, iria agilizar os atendimentos a pacientes principalmente de Medianeira.
Para o médico Dr. Leotil José Zardo, essa é uma ideia difícil de ser realizada, mas oportuna. “Com referência a saúde, Medianeira já é pólo de influência. O hospital solidificaria nossa liderança como trabalho médico hospitalar dentro da região. Engrandece a cidade, engrandece o setor médico e resolve um problema crônico de saúde do município e de cidades próximas”, avalia.
De acordo com Zardo, o hospital viria a atender a carência no atendimento de saúde pública à população medianeirense que depende dos serviços prestados pelo SUS, e facilitaria o acesso dos moradores das cidades vizinhas, como São Miguel, que não contam com serviço hospitalar. “A assistência pelo SUS em Medianeira é represada, porque tem muita gente que precisa e poucas vagas. Hoje quem atende pelo SUS na cidade está exaurido, porque a demanda é muito grande. O hospital viria aliviar a demanda dos demais hospitais, o que teria como reflexo a melhora na qualidade dos serviços de todos”, diz Zardo.
CONTRAPONTO
Mas do outro lado estão cidadãos que acreditam ser esta apenas uma especulação política de época de campanha eleitoral, já que a manifestação e debates favoráveis são encabeçadas principalmente por pré-candidatos e simpatizantes.
Para o médico Dr. Lucas Davi de Souza, o SUS de Medianeira é capaz de atender satisfatoriamente a atual demanda, e por isso o município não necessita de mais um hospital. “Se o governo tem o interesse de investir em saúde em Medianeira, precisa conhecer que temos dois excelentes hospitais que atendem pelo SUS e que contam com investimentos permanentes, visto que a maioria dos hospitais públicos se sucateiam rapidamente, porque não conseguem acompanhar a evolução tecnológica”, diz.
Para ele, a instalação de um hospital deve partir de uma estratégia de política de saúde, com objetivos e metas bem definidas. “A instalação de um hospital regional não pode ser feita porque um político quer que tenha um hospital em um determinado município. O Canadá é exemplo em saúde pública. Comparando Medianeira com o Canadá, aqui temos dois tomógrafos para atender 40 mil habitantes, enquanto no Canadá existe um aparelho de tomografia para cada 1,5 milhões de habitantes.
Isso quer dizer que não são os aparelhos que definem a qualidade de saúde um lugar melhor. O Canadá investe altíssimo em medicina preventiva. O que precisamos é evitar que os cidadãos cheguem a um leito hospitalar”, destaca.
O médico Dr. Neotaldo Tadeu Loures lembra que a ideia de construir o hospital não partiu de reivindicação da população de Medianeira. “Defendo a ideia de investir no que já existe, é mais conveniente. Deve-se criar, por exemplo, um pronto socorro municipal amplo, que ofereça um bom atendimento e um Samu. Mas primeiramente deve-se investir nos hospitais privados credenciados ao SUS já existentes”, diz.
“Muitos dos hospitais públicos do país estão nessa condição: constroem-se grandes elefantes brancos e depois não se consegue manter, porque a verba para manutenção que vem do poder público não é capaz de sustentar a demanda de atendimentos, nem de contratar o número de profissionais adequados e nem de adquirir os equipamentos necessários”, emenda.
Os profissionais na área de saúde não acreditam que o hospital trará desenvolvimento socioeconômico ao município, já que virão para cá aqueles pacientes que não tem condições de pagar um tratamento de saúde na própria cidade e sendo assim, também não teriam o objetivo de vir a Medianeira para consumir.
Eles não acreditam que a população da cidade vai ser melhor assistida porque tem um hospital regional. “A história de que medianeirense vai ter acesso facilitado ao atendimento é pura ilusão. O tempo de espera na porta de um hospital regional é duas a três vezes maior que o tempo de espera no atendimento que hoje está sendo realizado na cidade. Não vejo no hospital regional uma solução no que se refere a assistência qualificada”, diz Lucas.
Outra questão é que o salário pago a profissionais de hospitais públicos não é atrativo. “Os médicos que estarão trabalhando são aqueles com pouca experiência. Os médicos renomeados que atendem em Medianeira hoje não são aqueles que estarão à frente do hospital regional”, entende Lucas.
Para ele essa movimentação não sairá do papel. “é pura especulação política! Quem teria que dizer a respeito da política de saúde com relação a implantação de hospitais deveria ser o secretário do Estado ou do Ministério da Saúde. Essa ideia não pode simplesmente ser o desejo de um candidato que quer estabelecer como política de saúde um hospital regional para Medianeira”, diz Lucas.
Dr. Loures também acredita não ser conveniente este empreendimento.“é vantagem para Medianeira trazer todos os doentes da região para a cidade, sendo que o município é capaz de atender suficientemente a própria demanda? Acredito que não! Penso que está é uma jogada política”, finaliza Loures.
Fonte Nossa Folha
Redação Vanessa Peron
25/02/2010